Iniciativas do PROADI-SUS promovem acesso à saúde para jovens brasileiros

Iniciativas do PROADI-SUS promovem acesso à saúde para jovens brasileiros Iniciativas do PROADI-SUS promovem acesso à saúde para jovens brasileiros

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo conta com cerca de 1,8 bilhão de pessoas entre 15 e 25 anos, sendo 50 milhões só no Brasil, de acordo com dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) 1. Segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids, do Ministério da Saúde, nos últimos 10 anos, houve um aumento de 64,8% de contágio por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) entre jovens brasileiros de 15 a 19 anos, e de 74,8% para os de 20 a 24 anos2. Além disso, de acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINAC), em 2020, 380 mil crianças, filhos de mães adolescentes (até 19 anos) nasceram no Brasil3. 

Diante deste cenário, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde e os hospitais de excelência que o compõem, promove uma série de iniciativas que visam a atenção integral à saúde desta população, como o estudo nacional da prevalência do Papilomavírus Humano (HPV), a reestruturação de Centros de Testagem, avaliação do perfil biopsicossocial de mães adolescentes e capacitação de profissionais do SUS. 

Conheça alguns desses projetos e seu impacto para a saúde pública abaixo: 

Combate às IST

Entre as mais comuns IST, o HIV/Aids e o HPV destacam-se por sua alta incidência. Ainda segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids, só em 2020 foram notificados 32.701 casos de infecção pelo vírus da Aids no País, enquanto a estimativa é alcançar 16.590 novos casos de HPV, por ano, entre 2020 e 20224. 

Em ambos os casos, o conhecimento da doença ainda em estágio inicial é primordial para a realização e sucesso do tratamento. Visando facilitar o acesso ao diagnóstico de IST e outras condições crônicas, o Hospital Israelita Albert Einstein conduz a iniciativa de aperfeiçoamento e gestão dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) . A proposta é mapear todo o território brasileiro e definir 50 CTAs em todas as regiões, visando expandir sua atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Iniciado em 2021, o projeto promove a realização de exames e diagnósticos mais precisos, bem como a capacitação de profissionais por meio de tutorias oferecidas por especialistas. A Dra. Denize Ornelas, uma das médicas responsáveis do projeto, explica que jovens e adolescentes são o público prioritário da iniciativa, uma vez que, por falta de conhecimento, não se atentam à realização de exames e métodos de prevenção: “A geração mais jovem não vivenciou a epidemia de HIV que aconteceu nos anos 1980 no país e, por esse motivo, pode não se preocupar tanto com os malefícios do vírus. Por isso, é extremamente importante que os CTA cheguem até a população, garantindo a conscientização e a prevenção não só desta, como de muitas outras doenças que ameaçam a saúde pública”.  

Desde 2016, o Hospital Moinhos de Vento conduz no PROADI-SUS o estudo epidemiológico sobre a prevalência de infecção pelo HPV no país, responsável por acompanhar mais de 8.700 pacientes em todo o Brasil e apresentar importantes descobertas sobre a relação entre o HIV e o câncer, bem como a prevenção do contágio a partir da vacinação. “O HPV é um vírus que está relacionado ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, sendo os principais o câncer de colo uterino, orofaringe, anal e de pênis. Os resultados preliminares de nosso estudo já demonstram uma redução do contágio em 50% por meio da vacinação contra o HPV 16, o tipo mais comum do vírus”, afirma a Dra. Eliana Wendland, médica líder da pesquisa.

Os resultados da pesquisa ainda demonstram que 50% da população acompanhada entre 16 e 25 anos, entre homens e mulheres, testaram HPV positivo. “Esses resultados, além de demonstrar a importância da vacinação nesse cenário, servem como ferramentas para formulação de políticas públicas, reforçando a importância da prevenção e da realização de testes após relações sexuais”, conclui.

Gravidez precoce

Buscando identificar os impactos que a gravidez precoce desempenha na vida das famílias e no SUS, o Hospital Moinhos de Vento também conduz o projeto “Adolescentes Mães”, responsável por avaliar e comparar o perfil biopsicossocial de mais de 1.100 participantes entre mães adolescentes (até 19 anos) e mães adultas (idade entre 20 e 30 anos incompletos). 

“O impacto de uma gestação em uma adolescente é diferente de uma mulher que teve gravidez na vida adulta, então vamos medir também os impactos das gestações do ponto de vista econômico para o SUS. Os resultados serão valiosos para a saúde, uma vez que servirão de base à formulação de novas políticas públicas, já que a gravidez precoce é acompanhada por diversas mudanças sociais – como o aumento da mortalidade infantil, pobreza e abandono dos estudos”, explica o Dr. Thiago Chagas Dalcin, médico líder da iniciativa. 

O projeto promove, ainda, a capacitação de profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio de cursos autoinstrucionais e materiais educacionais desenvolvidos por especialistas do Programa. Para a população, serão desenvolvidos e distribuídos vídeos, podcasts e cartilhas informativas sobre educação sexual. 

Além dessas iniciativas, outros estudos e projetos de qualificação profissional são oferecidas pelo PROADI-SUS, como o Estudo SIM, conduzido pelo Moinhos de Vento, que avalia estratégias para o combate da epidemia de sífilis no Brasil; e o projeto de Hepatites Virais Agudas, realizado pelo Einstein, que visa aumentar em 80% o diagnóstico e o tratamento da doença, alinhado ao plano de erradicação da hepatite no país.   

Referências: 

  1. Portal da Fundação Getúlio Vargas: O Fim da Onda Jovem | Portal FGV
  2. Boletim Epidemiológico HIV/AIDS: Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2021 | Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis
  3. Observatório da criança e do adolescente: Número de nascidos vivos de mães adolescentes - Observatório da Criança e do Adolescente (observatoriocrianca.org.br);
  4. Boletim Epidemiológico da Vigilância Sanitária: boletim_epidemiologico_svs_18.pdf (www.gov.br).


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