Resumo

As cardiopatias congênitas são definidas como anormalidades estruturais e funcionais do coração ou dos vasos intratorácicos do sistema cardiovascular, podendo ou não estar relacionadas a fatores ambientais. Em suas diferentes formas anatômicas, representam uma das anomalias congênitas mais frequentes ao nascimento e são consideradas as malformações de maior impacto na morbimortalidade de crianças e nos custos com a saúde. Além disso, são consideradas a principal causa de morte entre as malformações congênitas.

Essas doenças podem ser detectadas ainda durante a gestação por meio de exames, como ultrassom morfológico que, quando realizado rotineiramente nos primeiro e segundo trimestres gestacionais, faz o rastreamento da má formação no coração da criança. Quando há suspeita de alguma anormalidade é realizado um ecocardiograma do feto para avaliar e detectar detalhadamente anormalidades estruturais e da função cardíaca.

A extensão territorial do Brasil é uma das grandes dificuldades para o acompanhamento necessário dos pacientes, visto a quantidade insuficiente dos centros de referência de cardiologia e cirurgia cardíaca pediátrica para atendimento integral. Diante disso, crianças cardiopatas não obtêm o tratamento adequado no momento oportuno, principalmente devido à falta de diagnóstico, colocando a vida da criança em risco no caso de cardiopatia crítica ou clinicamente significante. 

Para que seja possível proporcionar uma melhor qualidade de vida, são necessários o diagnóstico e o tratamento precoce, evitando assim internações sequenciadas por complicações da doença. Outras condições adversas durante a gestação, além da cardiopatia congênita em si, aumentam significativamente os riscos de óbito do feto ou do recém-nascido, ou aumentam consideravelmente a ocorrência de sequelas graves pós-natais. Em meio a estas doenças, algumas são passíveis de intervenções intraútero (pré-natais) com o intuito de melhorar as chances de sobrevida e a qualidade de vida dos bebês acometidos.

As condições que mais frequentemente requerem intervenções intraútero são a Mielomeningocele, uma má formação grave do sistema nervoso central para a qual não existe cura definitiva; e a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal, que é caracterizada pela passagem desbalanceada de sangue de um feto para outro em casos de gestações gemelares monocoriônicas/diamnióticas (quando gêmeos dividem a placenta, mas estão em dois sacos separados).


Introdução

O Cuidado à Gestante vai ao encontro das diretrizes e objetivos propostos no Plano Nacional de Saúde (PNS) 2020-2023, destacando as diretrizes 5 e 7, que  reforçam a garantia do atendimento integral à saúde no âmbito da atenção primária e atenção especializada, com equidade e em tempo adequado ao atendimento; e, no âmbito da atenção primária e saúde da criança, visa garantir a atenção integral à saúde da criança, com especial atenção nos dois primeiros anos de vida, e da mulher, com especial atenção na gestação.

Além de integrar, ampliar e qualificar o acesso às ações em cardiopatias congênitas, o projeto realiza procedimentos de Mielomeningocele e transfusão feto fetal em gestantes com indicação, contribuindo para a ampliação da utilização dessas técnicas na rede pública melhorando a qualidade de vida dos pacientes atendidos no SUS, diminuindo as sequelas e melhorando a sobrevida dos pacientes. Além disso, a realização de cirurgia intrauterina da Mielomeningocele permite melhores resultados neurológicos pós-natais e economia de cerca de 2 milhões de dólares por 100 casos operados.

O projeto visa, ainda, capacitar profissionais de saúde no cuidado da gestante e do feto com malformação cardíaca congênita, bem como realizar intervenções intrauterinas de correção de espinha bífida na Mielomeningocele e transfusões feto/fetais. Ambos os procedimentos mudam consideravelmente o prognóstico e desfechos destes bebês ao nascer.


Métodos

No âmbito da capacitação, o projeto visa a qualificação de profissionais da saúde no diagnóstico de malformações congênitas, pré-natal e neonatal - essas capacitações terão mais de 80 horas práticas e teóricas. Além disso, conta com disponibilização de equipe médica especializada do Hcor com o objetivo de auxiliar outros profissionais de saúde, com vistas à ampliação da capacidade resolutiva em casos ou situações específicas, por meio de teleconsultoria e telediagnóstico.

O projeto também contempla para cada Hospital/maternidade participante a compra de: 1 equipamento de ultrassonografia; 1 equipamento de Ecocardiograma; 10 equipamentos de oximetria de pulso. Esses equipamentos serão entregues e instalados na instituição de saúde definida pelo Ministério da Saúde (MS).

No âmbito das intervenções intrauterinas, as gestantes serão encaminhadas através da rede de relacionamentos médicos e avaliadas pela equipe do Hcor e, caso haja indicação para o procedimento, está prevista a realização quatro de cirurgias Intraútero por mês no triênio 2021-2023.

As capacitações do projeto têm como público-alvo profissionais obstetras, pediatras, cardiopediatras e enfermeiros atuantes nas Secretarias Estaduais de Saúde definidas pelo MS. O tempo de permanência no Hcor é de 15 dias. A capacitação sobre o diagnóstico pré-natal contempla ultrassonografia obstétrica para rastreamento de malformações e rastreamento de cardiopatia fetal. Já a sobre o diagnóstico neonatal contempla ecocardiografia funcional e rastreamento de cardiopatia do recém-nascido, enquanto enfermeiros serão capacitados para a execução do Teste do Coraçãozinho.

Conteúdo:

  • Diagnóstico pré-natal: Aulas com casos clínicos de USG morfológica de 1º e 2º trimestres que desempenham um papel importante na triagem de malformações fetais e ecocardiografia fetal para rastreamento de cardiopatias. O exame ultrassonográfico pré-natal associado ao Ecocardiograma permite a identificação de uma série de defeitos cardíacos congênitos.
  • Diagnóstico neonatal: Aulas com casos clínicos de ecocardiografia do recém-nascido. O Ecocardiograma pós-natal é empregado como ferramenta de diagnóstico em neonatos de elevado risco para problemas cardíacos congênitos. O teste do coraçãozinho com aula presencial in loco no estado, que consiste na interpretação da medição da saturação (níveis de oxigênio no sangue) do bebê, através da utilização de um aparelho denominado “oxímetro”.
  • Teleconsultoria e telediagnóstico: Profissionais especializados do Hcor irão esclarecer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas a diagnóstico, por meio de celular, telefone e outros meios de telecomunicação bidirecional, com os profissionais de saúde dos Estados participantes. Todos os dados relacionados aos pacientes e as discussões e orientações de caso serão armazenadas em um banco de dados para estudos futuros. Os atendimentos serão realizados duas vezes por semana, sendo dois períodos de quatro horas, totalizando 32 horas mensais. Portanto, serão 32 horas para a teleconsultoria e 32 horas para o telediagnóstico durante a vigência do projeto (2021-2023).

    Obs.: Somente indicação, os exames não serão laudados pela equipe médica do Hcor.


    Resultados

    De janeiro de 2021 a Dezembro de 2023 está previsto o atendimento de até 4 pacientes por mês, capacitação de 3 hospitais para o diagnóstico pré e pós natal da mal formação congênita, aquisição de equipamentos e apoio de telemedicina pós capacitação.


    Equipe

    • Hcor

      Liderança

      Cleisson Fábio A. Peralta - Associação Beneficente Síria, SP

      Daniela Lago Kreuzig - Hcor-  Associação Beneficente Síria, SP, http://lattes.cnpq.br/3775047411236381

      Patrícia Vendramim – Hcor- Associação Beneficente Síria, SP, http://lattes.cnpq.br/8115630097723963


      Equipe

      Simone Rodrigues Ascenção – Hcor - Associação Beneficente Síria, SP, http://linkedin.com/in/simone-ascenção-957b96181 

      Aparecida Estevão de Souza Franca - Associação Beneficente Síria, SP


      Colaboração

      Equipe Assistencial Hcor


      Área Técnica

      Ministério da Saúde (MS) Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES) Coordenação-Geral de Ciclos da Vida (CGCIVI) Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (COCAM)


    Indicadores

    66
    Quantidade de atendimentos
    planejados
    66
    Quantidade de atendimentos
    realizados

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