Resumo

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que atua como escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, a endometriose afeta entre 6 e 10% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo. No Brasil, afeta cerca de 10% da população feminina, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos de idade. Em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), quando também foram registradas oito mil internações na rede pública de saúde.

A doença é causada por uma infecção ou lesão decorrente do acúmulo, em outras partes do corpo, das células que recobrem a parte interna do útero (o endométrio) e que são eliminadas com a menstruação. Como as chamadas células endometriais são regularmente expelidas junto com o fluxo menstrual, seguem se acumulando fora da cavidade uterina, principalmente nas regiões da bexiga, ovários, tubas uterinas e intestino. Nos casos mais graves, podem formar nódulos que, se não forem tratados a tempo, tendem a afetar o funcionamento de outros órgãos.

Ainda de acordo com a OPAS, a maioria das mulheres não é diagnosticada, visto que não existe um teste único para avaliação, podendo levar anos para descobrir a doença. Sendo assim, o diagnóstico tardio da endometriose implica em sérias consequências envolvendo a qualidade de vida da paciente, principalmente em relação ao comprometimento da fertilidade na idade reprodutiva.


Introdução

O projeto Endometriose Brasil visa oferecer capacitação dos profissionais atuantes na saúde pública, em  regiões do Brasil, na linha de cuidado desta doença, de modo a qualificá-los para o diagnóstico e tratamento, assim como para a oferta de cuidado especializado, apoiando as estruturas de saúde locais para atendimento em saúde de forma universal, integral, descentralizada e resolutiva.

A criação de equipes habilitadas em diversas áreas geográficas do país favorece tanto a existência de assistência qualificada e capacitada para atender as demandas existentes, quanto a difusão de conhecimento e técnicas cirúrgicas, de forma a multiplicar o conhecimento em suas regiões de abrangência.

Para isso, agentes de saúde, enfermeiros e médicos da atenção básica serão capacitados para a educação, diagnóstico e tratamento clínico da doença, enquanto profissionais de cinco centros de referência no Brasil serão capacitados para detecção via ultrassom, adequado diagnóstico para indicação cirúrgica apenas quando necessário, manejo cirúrgico via videolaparoscopia, e cuidados de enfermagem para pacientes com endometriose.

A capacitação inclui, ainda, radiologistas nos centros selecionados para a realização do diagnóstico da endometriose através do uso de ultrassonografia; equipes de cirurgiões nos centros selecionados para o tratamento da endometriose por videolaparoscopia; enfermeiros dos centros selecionados para as atividades de apoio pré, intra e pós-cirúrgicas de pacientes com indicação para o tratamento cirúrgico da endometriose; além de disponibilizar mecanismos de apoio à distância aos profissionais dos centros selecionados. Em cada região participante, serão realizadas visitas tutorias cirúrgicas visando atender demandas de assistência em cirurgia e aprimorar o conhecimento das equipes.

Também faz parte do escopo do projeto revisar e atualizar o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Endometriose (Portaria SAS/MS no 144, de 31 de março de 2010 - Retificada em 27.08.10), além de construir base de dados para monitoramento de resultados e avaliação de impactos nas regiões selecionadas para participação do programa.

Objetivos do Plano Nacional de Saúde aos quais o projeto se vincula:

  • Objetivo 1: Promover a ampliação e a resolutividade das ações e serviços da atenção primária de forma integrada e planejada.
  • Objetivo 3: Reduzir ou controlar a ocorrência de doenças e agravos passíveis de prevenção e controle.
  • A iniciativa está vinculada à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que incorpora a integralidade e a promoção da saúde como princípios norteadores e busca consolidar avanços em diferentes campos, que agregam a prevenção e tratamento de mulheres vivendo com doenças crônicas não transmissíveis.

    Benefícios ao SUS:

    O projeto tem como cerne a qualificação de equipe multiprofissional para o diagnóstico e tratamento da patologia, habilitando-os no manejo da doença, a fim de ampliar o acesso, velocidade de diagnóstico e tratamento, além de multiplicar o conhecimento acerca desta condição e propiciar a criação de centros de excelência multidisciplinares no sistema público de saúde. A criação de equipes especializadas em diversas áreas geográficas do país favorece tanto a existência de assistência qualificada e capacitada para atender as demandas existentes, quanto a difusão de conhecimento e técnicas cirúrgicas em regiões de abrangência.

    Esses propósitos estão voltados ao desenvolvimento de um projeto estruturante para a saúde da mulher, através de práticas adequadas e padronização do cuidado no tocante à identificação de sintomas, diagnóstico precoce, manejo clínico e tratamento cirúrgico direcionados à endometriose, com vistas a apoiar o SUS no tratamento de qualidade ofertado à população e no fomento da institucionalização de processos de aprimoramento aos profissionais de saúde.


    Métodos

    Para a capacitação da cirurgia e em imagem, os cinco centros participantes selecionados pelo Ministério da Saúde, que irão eleger uma equipe composta por três cirurgiões (dois ginecológicos e um colorretal ou oncológico ou aparelho digestivo ou cirurgião geral/oncológico, com capacitação para fazer laparoscopia), quatro radiologistas e dois enfermeiros, que participarão do programa de aprimoramento profissional. Paralelamente, serão disponibilizadas 10 mil vagas para médicos e enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde e 30 mil vagas para Agentes Comunitários de Saúde, que participarão do curso de capacitação focado para a atenção primária.

    Critérios de seleção:

  • Hospitais com mais de 150 leitos, sendo ao menos 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI);
  • Existência de ao menos uma sala cirúrgica com torre de videolaparoscopia funcionando adequadamente e instrumental para intervenções laparoscópicas;
  • Disponibilidade da equipe para realização de capacitação em São Paulo, conforme cronograma que será pactuado com a equipe gestora da unidade.
  • Capacitação de agentes de saúde

    Serão capacitados Agentes de Saúde de Unidades Básicas de Saúde de todas as regiões do Brasil, através de 2h de capacitação teórica via EaD, visando uma sensibilização e conhecimento assertivo do tema. A carga horária enxuta deve-se ao fato de não sobrecarregar ainda mais tais profissionais.

    Qualificação de médicos e enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde

    Serão capacitados médicos e enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde das 5 regiões do Brasil, através de 4h de curso EAD, visando uma sensibilização e conhecimento assertivo do tema. A carga horária enxuta deve-se ao fato de não sobrecarregar ainda mais tais profissionais.

    Capacitação de médico imaginologista para o diagnóstico de endometriose

    Deverão ser indicados pelo MS os 20 radiologistas especializados em ultrassonografia (USG), 4 por região do Brasil que vão compor os núcleos que serão capacitados no Programa de Aprimoramento ministrado nos centros de origem dos participantes e com a equipe da Beneficência Portuguesa de São Paulo. A prática terá duração de quatro dias não consecutivos (sendo dois blocos de dois dias) e previsão de realização de 25 exames por participante (será solicitado que a região concentre as hipóteses diagnósticas nas datas das visitas para que seja realizados a maior parte de exames propostos na região). Haverá a inclusão de conteúdos teóricos (6h de aulas a distância), via plataforma Moodle/Teams, e discussão de casos à distância por 12 meses. Adicionalmente, haverá avaliação do conhecimento para mensuração do conteúdo aprendido.

    Capacitação de médico cirurgião e enfermeiros de apoio no tratamento de endometriose

    O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HCFMUSP) será um Centro Parceiro, que irá recrutar 100 pacientes de maneira controlada e, conforme critérios pré-estabelecidos pela equipe, irá encaminhar para a realização da cirurgia na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo – um dos seis hospitais de excelência que compõem o PROADI-SUS. As pacientes inseridas no projeto deverão assinar um termo de consentimento, com orientações sobre o pré-operatório, cirurgia e acompanhamento pós-operatório, até serem redirecionadas para seus centros de origem.

    Tutoria Cirúrgica nas unidades selecionadas

    Serão realizadas dez visitas (sendo duas em cada centro) para o acompanhamento de procedimentos cirúrgicos in loco, visando também a avaliação do local de realização dos procedimentos e estrutura da localidade, a fim de garantir qualidade e segurança às pacientes, além de proporcionar a oportunidade de colocar em prática o que foi aprendido na capacitação teórica e prática.


    Equipe

    • BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo

      Liderança

      Roberta Rehem de Azevedo


      Equipe

      Colaboração

      Área Técnica

    Indicadores

    662
    Quantidade de atendimentos
    planejados
    844
    Quantidade de atendimentos
    realizados
    1168
    Profissionais
    capacitados

    Instituições

    • São Paulo

      hospital bp

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